terça-feira, 13 de maio de 2014

Portugal já cumpriu o Protocolo de Quioto

Emissões de CO2 aumentaram 19%, quando podiam ter subido até 27%.

Portugal cumpriu o Protocolo de Quioto, o acordo internacional de 1997 que obrigava os países desenvolvidos a limitarem a libertação de gases com efeito de estufa. Numa trajectória de altos e baixos, o país chegou a 2012 com emissões bem abaixo da meta que lhe cabia, segundo o mais recente inventário que Portugal entregou ao secretariado da Convenção Quadro das Nações Unidas para as Alterações Climáticas e que fecha o primeiro ciclo de Quioto.

As indústrias, automóveis, aterros sanitários, campos agrícolas e outras actividades no país não podiam lançar mais do que 382 milhões de toneladas de dióxido de carbono (CO2) para o ar, na soma dos cinco anos entre 2008 e 2012. Os valores ficaram, porém, em 362 milhões de toneladas. Se daí for descontado o CO2 que foi absorvido pelas florestas e o efeito das transformações do uso do solo, as contas são ainda mais favoráveis: 283 milhões de toneladas.

O Protocolo de Quioto tinha fixado uma meta de 8% de redução das emissões de CO2 para a União Europeia em 2008-2012, em relação a 1990. Este esforço foi repartido entre os Estados-membros. Com uma economia ainda menos desenvolvida, a Portugal foi permitido que aumentasse em 27% as suas emissões. De acordo com os últimos dados, o aumento ficou-se pelos 19%, sem contar o efeito das florestas.

A evolução das emissões de CO2 no país não foi linear. Subiram vertiginosamente na década de 1990, à medida em que o país se desenvolvia e os portugueses passavam a andar cada vez mais de automóvel. Na última década, foi o contrário: caíram. E nos últimos anos a crise contribuiu ainda mais para a redução das emissões – 12% entre 2008 e 2012.

O sector da electricidade é o que mais contribuiu para redução de emissões. Fruto da crise e da eficiência energética, em 2012 a produção eléctrica foi praticamente igual à de 2005, segundo dados da Direcção-Geral de Energia e Geologia. Mas as chaminés das centrais térmicas libertaram um terço a menos (-33%) de CO2. Os parques eólicos e as barragens assumiram maior protagonismo.

Na indústria houve também uma queda acentuada. As emissões do uso da energia nas fábricas subiram de 9,6 milhões de toneladas de CO2 em 1990 para 10,6 milhões em 2005. Depois, começaram a cair, chegando a 2012 com 7,4 milhões – menos 30% do que em 2005.

                                                                   Notícia publicada no Público a 10/05/14

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